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Alcindo Guanabara, jornalista e político, nasceu em Majé, RJ, em 19 de julho de 1865, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de agosto de 1918. Convidado para a última sessão preparatória da Academia Brasileira de Letras, fundou a Cadeira n. 19, que tem como patrono Joaquim Caetano.

Foram seus pais o professor Manuel José da Silva Guanabara e a professora Júlia da Silva de Almeida Guanabara. Passou a infância em várias localidades do interior fluminense. Aos 13 anos, em Mangaratiba, concluiu a instrução primária e tentou ganhar a própria vida executando pequenos trabalhos. Transferiu-se com a família para Petrópolis, onde Alcindo entrou para o colégio José Ferreira da Paixão. Para compensar a gratuidade das lições que recebia, desempenhava as funções de bedel. Em 1883 concluiu os estudos secundários. Prestou exames no Pedro II e, em 1884, estava matriculado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Para viver, fez-se inspetor disciplinar no Asilo dos Menores Desvalidos, do dr. Daniel de Almeida.

Em 1886, fundou seu primeiro jornal, a Fanfarra, órgão acadêmico. Entre os colaboradores estava Olavo Bilac. Num artigo de Fanfarra, analisando o regulamento da Faculdade de Medicina, Alcindo fez censuras ao ministro do Império, o que levou o dr. Daniel de Almeida a demiti-lo do emprego no Asilo. Deixou o curso de Medicina no 3o ano. Aproximou-se, então, de José do Patrocínio, com uma apresentação de Marinho de Andrade, e foi admitido na Gazeta da Tarde. Ali encontrou como redatores Raul Pompéia e Luís Murat. Tinha como encargo fazer a mala de São Paulo. Foi quando executava tão modesta função que Alcindo teve ocasião de demonstrar seu talento e capacidade de trabalho. O pessoal da Gazeta da Tarde deliberara, na ausência de José do Patrocínio e de Raul Pompéia, fazer greve. A Gazeta não sairia naquele dia porque não havia ninguém para escrever. Então Alcindo prontificou-se fazer tudo sozinho. Meteu-se sozinho na redação, e a Gazeta rodou, naquela tarde, toda feita por ele. Logo depois Patrocínio lhe confiava a crônica política, que ele assinava com o pseudônimo Aranha Minor. Nessa fase, foi um brilhante articulista em prol da Abolição. No mesmo ano, seu nome aparecia em vários jornais e revistas da cidade, assinando ora páginas de prosa, ora poesia e sonetos na Semana e na Vida Moderna.

O partido conservador atemorizava-se diante da força cada vez mais forte da campanha da Abolição, e sua facção escravocrata fundou o jornal Novidades, cujo n. 1 saiu em 25 de janeiro de 1887, sob a direção de Alcindo Guanabara. Estavam com ele Moreira Sampaio, Artur Azevedo e, pouco depois, Olavo Bilac. Alcindo contava apenas 22 anos e já era um dos maiores jornalistas brasileiros. Publicava ali as suas "Teias de Aranha" (a seção assinada Aranha Minor, que trouxera da Gazeta da Tarde) e também as "Notas políticas", assinadas Nestor, ambas quotidianas. Nesses artigos debatia as grandes questões do momento, e com tal perícia e saber, que granjeou a admiração de quase todos os leitores, neles incluindo-se Lafayette e o ministro da Fazenda Francisco Belisário. Mas provocou também adversários, e entre estes contava-se então o próprio José do Patrocínio. Alcindo escrevia também trabalhos de outros gêneros, em crônicas assinadas com o pseudônimo Marcelo, críticas humorísticas assinadas por Diabo Coxo e contos e fantasias por Mefisto.

Feita a Abolição, passou a trabalhar no Diário do Comércio e fez a campanha da República no Correio do Povo. Com o novo regime, foi eleito para a Constituinte. Quando ocorreu a dissolução do Congresso com o golpe de estado de 1891, ele protestou contra o ato de Deodoro. Restabelecida a legalidade, permaneceu na Câmara até o final da legislatura (1891-1893). Em 1893, viajou para a Europa, feito superintendente geral de imigração. No ano seguinte, tomou assento na Câmara dos Deputados para a segunda legislatura republicana (1894-1896). Escreveu a História da República, editada primeiro nas colunas do Comércio de São Paulo e depois em livro.

Como conseqüência do atentado de 5 de novembro de 1897, foi preso e mandado, juntamente com Barbosa Lima, para a ilha de Fernando de Noronha, mas logo depois o Supremo Tribunal concedeu o habeas-corpus impetrado em favor de ambos.

Regressando ao Rio, fundou a Tribuna, órgão de oposição a Prudente de Morais. No período de Campos Sales (1899-1902), Alcindo se tornou o grande jornalista da situação. Findo o quatriênio, publicou o longo e minucioso livro A presidência de Campos Sales. Fundou a Nação, onde desenvolveu a propaganda de um programa socialista. Colaborava em O Dia, onde publicou esplêndidas páginas literárias com o pseudônimo Pangloss.

Foi nomeado redator-chefe de O Paiz, e ali ficou até 1905. Na luta de Rui Barbosa contra Hermes da Fonseca, Alcindo Guanabara estava na Imprensa (jornal que ele fundou) fazendo a campanha do candidato de Pinheiro Machado. Foi o período menos feliz do notável jornalista.

Em 1918, foi eleito para o Senado, como representante do Estado do Rio, e tomava parte na Comissão dos Poderes. Mal iniciara o período dessa legislatura quando Alcindo Guanabara veio a falecer.

Obras: Amor, romance (1886); História da revolta de 6 de setembro de 1893 (1894); A presidência Campos Sales 1898-1902 (1902); A dor, conferência (1905); Jornal de Commercio A tradição, discurso (1908); Discursos fora da Câmara (1911); Pela infância abandonada e delinqüente no Distrito Federal (1917).