NOTURNO

Para o vale noital da eterna gaza
Rolou o Sol - imenso moribundo -
E a noute veio na negrura d'asa,
Santificada pela Dor do Mundo!

U'a luz, entanto, no negror me abrasa,
E um canto vai morrer no vale fundo...
Que luz é esta que das brumas vasa,
Que canto é este, virginal, profundo?!

Rumores santos... e no Santo harpejo,
Somente tristes os teus olhos vejo,
Para o Infinito e para o Céu voltados!

Cantas, e é noute de fatais abrolhos...
Choras, e no meu peito estes teus olhos
Como que cravam dois punhais gelados!