SONETO
Gênio das trevas lúgubres, acolhe-me,
Leva-me o espírito dessa luz que mata,
E a alma me ofusca e o peito me maltrata,
E o viver calmo e sossegado tolhe-me!
Leva-me, obumbra-me em teu seio, acolhe-me
N'asa da Morte redentora, e á ingrata
Luz deste mundo em breve me arrebata
E num pailium de tênebras recolhe-me!
Aqui há muita luz e muita aurora,
Há perfumes d'amor - venenos d'alma -
E eu busco a plaga onde o repouso mora,
E as trevas moram, e, onde d'água raso
O olhar não trago, nem me turba a calma
A aurora deste amor que é o meu ocaso!