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Emílio de Meneses, jornalista e poeta, nasceu em Curitiba, PR, em 4 de julho de 1866, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de junho de 1918. Eleito em 15 de agosto de 1914 para a Cadeira n. 20, na sucessão de Salvador de Mendonça, não chegou a ser recebido. Deveria ser saudado por Luís Murat.
Filho de outro poeta, Emílio Nunes Correia de Menezes, e de Maria Emília Correia de Menezes, era o único filho homem na família, ao lado de oito irmãs. Fez como pôde os estudos primários e secundários no Paraná. Aos 14 anos começou a trabalhar na farmácia de um seu cunhado farmacêutico. Aos 18 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, influenciado pelo movimento simbolista e levado por Rocha Pombo. Ainda em Curitiba distinguia-se pela originalidade de sua figura e dos seus hábitos, pela extravagância das maneiras e das roupas e pela singularidade da imaginação.
No Rio de Janeiro aproximou-se dos boêmios e jornalistas da época, entregando-se ele também ao jornalismo. O escritor e crítico do Simbolismo Nestor Vítor deu-lhe uma recomendação para trabalhar com o professor Coruja, um dos educadores mais conhecidos do Rio. Este abriu as portas do lar ao jovem provinciano. Um ano depois Emílio estava casado com uma das filhas do professor Coruja.
Obteve uma nomeação para Curitiba, como funcionário do Recenseamento federal. Finda a comissão, regressou ao Rio. Era a época do Encilhamento, e poucos resistiam à sedução de ganhar dinheiro fácil. Emílio arranjou algum capital, fez especulações na bolsa e em pouco tempo estava rico. Possuía carros de luxo e fez-se colecionador de objetos de arte. Mas os tempos eram de crise, e Emílio de novo empobreceu. Continuava, entretanto, a viver a vida despreocupada e solta dos botequins, na companhia de jornalistas e poetas. Tornou-se colaborador das colunas humorísticas dos jornais. O poeta esmerava-se na publicação de poesias satíricas e ferinas, sob vários pseudônimos: Neófito, Gaston d’Argy, Gabriel de Anúncio, Cyrano & Cia., Emílio Pronto da Silva.
Ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras, em 1897, ele teria sido também um dos fundadores, mas havia preconceitos contra a sua maneira boêmia de viver. Entretanto, foi eleito para a instituição em 15 de agosto de 1914, sucedendo a Salvador de Mendonça. Deveria ser saudado por Luís Murat. Emílio compôs um discurso de posse, em que revelava nada compreender de Salvador de Medonça, nem na expressão da atuação política e diplomática, nem na superioridade de sua realização intelectual de poeta, ficcionista e crítico. Além disso, continha trechos argüidos, pela Mesa da Academia, de "aberrantes das praxes acadêmicas". A Mesa não permitiu a leitura do discurso e o sujeitou a algumas emendas. Emílio protelou o quanto pôde aceitar essas emendas, e quando faleceu, quatro anos depois de ter sido eleito, ainda não havia tomado posse de sua cadeira.
Além das obras publicadas, deixou copiosíssimo anedotário, quase todo disperso, pouca coisa tendo se reunido em volume, ao que se junta a crônica da cidade no tempo em que Emílio e seus companheiros de boêmia viveram e esbanjaram o melhor de seu talento.
Obras: Marcha fúnebre, sonetos (1892); Poemas da morte (1901) Dies irae A tragédia de Aquidabã (publicação de O Malho, 1906); Poesias (1909); Últimas rimas (1917); Mortalha Os deuses em ceroulas, publicação organizada pelo humorista Mendes Fradique, com um prefácio de sua autoria (1924); Obras reunidas (1980).