Gentileza Academia Brasileira de Letras www.academia.org.br
Adonias Filho (A. Aguiar Fo), jornalista, crítico, ensaísta e romancista, nasceu na Fazenda São João, em Ilhéus, BA, em 27 de novembro de 1915, e faleceu na mesma cidade, em 2 de agosto de 1990. Eleito em 14 de janeiro de 1965 para a Cadeira n. 21, sucedendo a Álvaro Moreyra, foi recebido em 28 de abril de 1965 pelo acadêmico Jorge Amado.
Filho de Adonias Aguiar e de Rachel Bastos de Aguiar, fez o curso secundário no Ginásio Ipiranga, em Salvador, concluindo-o em 1934, quando começou a fazer jornalismo. Transferiu-se, em 1936, para o Rio de Janeiro, onde retomou a carreira jornalística, colaborando no Correio da Manhã. Foi crítico literário dos Cadernos da Hora Presente, de São Paulo (1937); crítico literário de A Manhã (1944-1945); do Jornal de Letras (1955-1960); e do Diário de Notícias (1958-1960). Colaborou também no Estado de S. Paulo e na Folha da Manhã, de São Paulo, e no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro.
Foi nomeado diretor da Editora A Noite (1946-1950); diretor do Serviço Nacional de Teatro (1954); diretor da Biblioteca Nacional (1961-1971); respondeu também pela direção da Agência Nacional, do Ministério da Justiça. Foi eleito vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (1966); membro do Conselho Federal de Cultura (1967, reconduzido em 1969, 1971 e 1973); presidente da Associação Brasileira de Imprensa (1972); e presidente do Conselho Federal de Cultura (1977-1990).
Adonias Filho faz parte do grupo de escritores que, a partir de 1945, a terceira fase do Modernismo, se inclinaram para um retorno a certas disciplinas formais, preocupados em realizar a sua obra, por um lado, mediante uma redução à pesquisa formal e de linguagem e, por outro, em ampliar sua significação do regional para o universal.
Originário da zona cacaueira próxima a Ilhéus, interior da Bahia, Adonias Filho retirou desse ambiente o material para a sua obra de ficção, a começar pelo seu romance de estréia, Os servos da morte, publicado em 1946. Na obra romanesca, aquela realidade serviu-lhe apenas para recriar um mundo carregado de simbolismo, nos episódios e nos personagens, encarnando um sentido trágico da vida e do mundo. Desenvolveu recursos altamente originais e requintados, adaptados à violência interior de seus personagens. É o criador de um mundo trágico e bárbaro, varrido pela violência e mistério e por um sopro de poesia. Seus romances e novelas serão sempre a expressão de um dos escritores mais representativos e fascinantes da ficção brasileira contemporânea.
Conquistou os seguintes prêmios: Prêmio Paula Brito de crítica literária (Guanabara, 1968); com o livro Léguas da promissão, conquistou o Golfinho de Ouro de Literatura (1968), o Prêmio PEN Clube do Brasil, Prêmio da Fundação Educacional do Paraná (FUNDEPAR) e o Prêmio do Instituto Nacional do Livro (1968-1969). Obteve o Prêmio Brasília de Literatura (1973), conferido pela Fundação Cultural do Distrito Federal. Com o romance As velhas, obteve pela segunda vez o Prêmio Nacional de Literatura (1975), do Instituto Nacional do Livro, na categoria de obra publicada (1974-1975). Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, em 1983.
Obras: Renascimento do homem, ensaio (1937); Tasso da Silveira e o tema da poesia eterna, ensaio (1940); Memórias de Lázaro, romance (1952); Jornal de um escritor (1954); Modernos ficcionistas brasileiros, ensaio (1958); Cornélio Pena, crítica (1960); Corpo vivo, romance (1962); História da Bahia, ensaio (1963); O bloqueio cultural, ensaio (1964); O forte, romance (1965); Léguas da promissão, novela (1968); O romance brasileiro de crítica, crítica (1969); Luanda Beira Bahia, romance (1971); O romance brasileiro de 30, crítica (1973); Uma nota de cem, lit. Infantil (1973); As velhas, romance (1975); Fora da pista, lit. infantil (1978); O Largo da Palma, novela (1981); Auto de Ilhéus, teatro (1981); Noite sem madrugada, romance (1983). Obras de Adonias Filho foram traduzidas para o inglês, o alemão, o espanhol, o francês e o eslovaco.