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Carlos Magalhães de Azeredo, jornalista, diplomata, poeta, contista e ensaísta, nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1872, e faleceu em Roma, Itália, em 4 de novembro de 1963. Foi um dos dez intelectuais convidados para integrar o quadro dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escolheu para patrono Domingos Gonçalves de Magalhães, a quem coube a Cadeira n. 9. Foi o mais novo dos fundadores, aos 25 anos, e o último deles a falecer, aos 91 anos de idade.

Foram seus pais Caetano Pinto de Azevedo, falecido havia três meses quando Carlos nasceu, e Leopoldina Magalhães de Azeredo. Fez as primeiras letras no Colégio de São Carlos, no Porto, Portugal, de 1879 a 1880, continuando seus estudos no Colégio São Luís, de Itu, SP, onde ficou até 1887. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo, na qual se bacharelou em 1893. Ingressou na carreira diplomática em 1895, ocupando os seguintes cargos: segundo secretário da Legação do Brasil no Uruguai (1895-96) e na Santa Sé (1896-1901); promovido a primeiro secretário em 1901 e conselheiro em 1911; ministro residente em Cuba, na América Central (1912) e na Grécia (1913-14); ministro plenipotenciário na Santa Sé (1914-19) e embaixador na mesma (1919-34). Atingindo esse posto máximo da carreira de diplomata, Magalhães de Azeredo nele se aposentou, continuando, porém, a residir em Roma. Sua morada na Via de Villa Emiliani, 9, no Parioli, era freqüentemente visitada por escritores brasileiros de passagem por Roma.

A vida diplomática, levando-o para fora do Brasil, prejudicou-lhe o contato com as novas gerações literárias, embora tivesse se dedicado desde cedo às letras. As 12 anos escreveu um pequeno volume de versos, "Inspirações da infância", que ficou inédito. Estudante, colaborou em diversos jornais em São Paulo e no Rio, onde residiu antes de seguir para Montevidéu, em função diplomática. Em 1895, publicou Alma primitiva, em prosa, e, em 1898, Procelárias, o seu primeiro livro de poesias.

Vivendo a maior parte do tempo no exterior, manteve-se em contato com Machado de Assis e Mário de Alencar, através de copiosa correspondência, que se encontra guardada no Arquivo da Academia. Tinha ele 17 anos quando dirigiu a Machado de Assis a sua primeira carta. Logo o mestre lhe reconheceu o valor, como poeta. Andando o tempo, fez mais o grande romancista: pôs nas cartas que lhe dirigiu as suas principais confidências de escritor, numa prova de confiança que não dera a outro amigo. Essa correspondência foi reunida pelo professor americano Carmelo Virgilio e publicada, em 1969, pelo Instituto Nacional do Livro. A correspondência que ele entreteve com Mário de Alencar, além de interessar à biografia dos dois escritores, diz respeito igualmente ao espaço de vida literária brasileira demarcado pela extensão dos seus diálogos.

Magalhães de Azeredo também pertencia ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, à Academia Internacional de Diplomacia e ao Instituto de Coimbra.

Obra: Alma primitiva, contos (1895); José de Alencar, ensaio (1895); Procelárias, poesia (1898); Portugal no centenário das Índias, poesia (1898); Baladas e fantasias, contos (1900); O poema da paz, na aurora do século XX (1901); Homens e livros, estudos (1902); Horas sagradas, poesia (1903); Odes e elegias, poesia (1904); O hino de púrpura, poesia (1906); Quase parábola, contos (1913); Vida e sonho, poesia (1919); A volta do imperador, poesia (1920); Laudes do Jardim Real de Atenas, poesia (1921); Ariadne, conto (1922); Casos do amor e do instinto, contos (1924); O eterno e o efêmero, contos (1936). Publicou também inúmeras conferências.