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João Neves da Fontoura, advogado, jornalista, político, orador, diplomata e memorialista, nasceu em Cachoeira, RS, em 16 de novembro de 1887, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 31 de março de 1963. Foi eleito para a Cadeira n. 2, sucedendo a Coelho Neto, em 19 de março de 1936, e recebido em 12 de junho de 1937, pelo acadêmico Fernando Magalhães.

Era filho do coronel Isidoro Neves da Fontoura e Adalgisa Godoy da Fontoura. Fez os preparatórios no ginásio de N. S. da Conceição em S. Leopoldo, RS. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Porto Alegre, foi Promotor Público de Porto Alegre durante um ano; prefeito de Cachoeira, de 1925 a 1928; deputado estadual, de 1921 a 1928, e vice-presidente do Estado do Rio Grande do Sul, eleito em 1927. Deputado federal pelo mesmo Estado, de 1928 a 1930 e de 1935 a 1937. Dedicou-se durante muito tempo ao jornalismo, como redator de O Debate de Porto Alegre e do Rio Grande de Cachoeira. Fundou, em Porto Alegre, em 1907, a revista Pantum.

Como líder da representação riograndense em 1929, foi quem assinou com Francisco Campos o pacto Minas-Rio Grande, de que resultou a Aliança Liberal, que exerceu profunda influência nos destinos do Brasil. Foi líder parlamentar da Aliança Liberal na Câmara dos Deputados. Os discursos dessa fase estão publicados em dois volumes, sob o título A jornada liberal.

Depois de 1930, passou a ocupar o posto de consultor jurídico do Banco do Brasil. Em 1940, fez parte da delegação do Brasil à Conferência de Havana e, na qualidade de embaixador em missão especial, representou o Brasil nas posses dos Presidentes de Panamá e Cuba. Em 42, recebeu o agrément do Governo da França para ocupar o posto de embaixador do Brasil naquele país, tendo ficado a nomeação sem seguimento em conseqüência da ocupação da zona livre pelas tropas alemãs.

Durante a guerra, foi nomeado embaixador do Brasil em Lisboa, cargo que exerceu desde 1943, tendo resignado a 30 de outubro de 1945. Ministro de Estado das Relações Exteriores, no ano de 1946, chefiou a Delegação do Brasil à Conferência de Paz, em Paris. Em 1948, foi o chefe da Delegação do Brasil à IX Conferência Internacional Americana, reunida em Bogotá. Coube-lhe proferir o discurso inaugural e propor, conseguindo resultados favoráveis, arbitragem obrigatória, uma das aspirações da política externa do Brasil.

Pela segunda vez João Neves da Fontoura foi nomeado Ministro das Relações Exteriores, empossando-se no cargo em 31 de janeiro de 1951 e exercendo a pasta até 19 de julho de 1953. Em 1951, foi delegado do Brasil à IV Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, reunida em Washington, na qual se discutiram os problemas da cooperação política, militar e econômica entre as referidas Repúblicas. Coube ao delegado do Brasil proferir o discurso na sessão inaugural, em resposta ao do Presidente dos Estados Unidos da América. Ainda em 51, foi o chefe da Delegação do Brasil ao Congresso da União Latina, reunido no Rio de Janeiro, cabendo-lhe a presidência do certame. Em 52, chefiou a Delegação do Brasil à VII Assembléia Geral da Nações Unidas, em Nova York.

Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Columbia, dos Estados Unidos da América. Era membro da Academia Rio-Grandense de Letras, sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia de Letras do Uruguai e da Academia de la Lengua da Colômbia.

Obras: O segredo profissional (1909); A jornada liberal (1931); Por São Paulo e pelo Brasil (1932); Acuso (1933); A voz das oposições brasileiras (1935); Dois perfis (1938); Pareceres jurídicos, 2 vols. (1942); Orações dispersas (1944); Poeira das palavras (1953); Memórias, vol. 1 (1958), vol. 2 (1963).