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Magalhães Júnior (Raimundo M. J.), jornalista, biógrafo e teatrólogo, nasceu em Ubajara, CE, em 12 de fevereiro de 1907, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1981. Eleito em 9 de agosto de 1956 para a Cadeira n. 34, na sucessão de D. Aquino Correia, foi recebido em 6 de novembro de 1956, pelo acadêmico Viriato Correia.

Filho do jornalista Raimundo Magalhães, autor do Vocabulário popular, publicado em 1911. Fez seus estudos na cidade natal e em Campos, para onde se transferiu aos 17 anos. Lá fez os estudos de humanidades e se iniciou no jornalismo, na Folha do Comércio, de que era o redator-chefe ao se transferir para o Rio em 1930. Desde 1927 escrevia peças de teatro e contos. Em 1934 a Editora Record lançou Impróprio para menores, seu primeiro livro de contos.

Na imprensa do Rio, foi secretário de A Noite Ilustrada, fez parte do grupo fundador do Diário de Notícias, diretor das revistas Carioca, Vamos Ler e Revista da Semana e redator de A Noite desde 1930.

Como correspondente no estrangeiro, foi mandado pelo jornal A Noite ao Paraguai durante a Guerra do Chaco, tendo escrito reportagens que foram simultaneamente transcritas em jornais de Assunção (Paraguai) e La Paz (Bolívia). Em missão jornalística passou três anos nos Estados Unidos. Foi assistente especial do escritório do Coordenador de Assuntos Interamericanos, que era então Nelson Rockefeller, posto em que permaneceu de 1942 a 1944. Colaborou no The New York Times, Pan-American Magazine, American Mercury e Theatre Arts. De volta ao Brasil, participou da redação da revista Brazilian-American, que então se publicava em inglês no Rio de Janeiro.

Na política, assinou Manifesto da Esquerda Democrática, que se converteu, em seguida, no Partido Socialista Brasileiro, pelo qual, em 1949, foi eleito vereador à Câmara do Distrito Federal, sendo reeleito em 1954.

Como autor teatral, escreveu mais de três dezenas de revistas, comédias e peças dramáticas, entre as quais sobressaem Carlota Joaquina, O imperador galante, Vila Rica, Canção dentro do pão e Essa mulher é minha. Foi membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e seu diretor desde 1959 até o seu falecimento.

Foi também conselheiro do Serviço de Defesa do Direito Autoral. Participou dos Congressos Internacionais de Direito Autoral de 1952, em Amsterdã, e de 1969, em Viena. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Associação Brasileira de Tradutores.

Era um incansável pesquisador, e do seu trabalho de pesquisa resultaram várias biografias, antologias, dicionários, ensaios e, sobretudo, os volumes da obra esparsa de Machado de Assis: Contos sem data, Contos sem data, Contos esparsos, Contos avulsos, Contos e crônicas, Contos de Lélio e Diálogos e reflexões de um relojoeiro. Machadiano perspicaz, procurou determinar uma série de revelações sobre o autor de Dom Casmurro.

Como poeta, aparece na Antologia dos poetas bissextos contemporâneos, de Manuel Bandeira. Algumas de suas traduções de poetas franceses são reproduzidas na Antologia da poesia universal organizada por Sérgio Milliet. Como contista, teve trabalhos incluídos nas seguintes antologias: Contos do Brasil, de D. Lee Hamilton e Ned Fahs (EUA); Antologia do Carnaval, de Wilson Lousada; História de crimes e criminosos, de Edgard Cavalheiro e Raimundo de Menezes; Contos e novelas, de Graciliano Ramos; Brazilian Short Stories, de William Grossman.

Obteve vários prêmios literários, entre os quais o Prêmio do Serviço Nacional do Teatro, em 1940; o Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal (1972); o Prêmio Juca Pato, como o "Intelectual do Ano", da União Brasileira de Escritores (1974). Antes de seu ingresso na Academia, obtivera os Prêmios Artur Azevedo (teatro), em 1945; José Veríssimo (ensaio e crítica); Carlos de Laet (crônica), em 1945; Prêmio Sílvio Romero (ensaio), em 1953.

Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sócio correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos de São Paulo e do Ceará.

Obras CONTO, CRÔNICA E NOVELA: Impróprio para menores (1934); Fuga e outros contos (1936); Chico-vira-bicho e outras histórias, literatura infantil (1942); Janela aberta (1945); Quero em teu seio adormecer (1970).

TEATRO: O homem que fica (1934); Um judeu (1939); Mentirosa (1939); Carlota Joaquina (1940); A família Lero-lero (1941); Trio em lá menor (1942); Novas aventuras da família Lero-lero (1945); O testa-de-ferro (1945); Vila Rica (1945); O imperador galante (1946); Canção dentro da pão (1945); e outras peças.

BIOGRAFIAS E ENSAIO: Artur Azevedo e sua época (1953); Idéias e imagens de Machado de Assis (1956); Machado de Assis, funcionário público (1958); Machado de Assis desconhecido (1955); Ao redor de Machado de Assis (1958); Três panfletos do Segundo Reinado (1956); O fabuloso Patrocínio Filho (1957); Deodoro a espada contra o Império (1957); Poesia e vida de Cruz e Sousa (1961); Poesia e vida de Álvares de Azevedo (1962); Poesia e vida de Casimiro de Abreu (1965); Rui: o homem e o mito (1964); A vida turbulenta de José do Patrocínio (1969); Martins Pena e sua época (1971); José de Alencar e sua época (1971); Olavo Bilac e sua época (1974); Poesia e vida de Augusto dos Anjos (1977); A vida vertiginosa de João do Rio (1978).

DICIONÁRIOS: Dicionário de coloquialismos anglo-americanos, provérbios, idiotismos e frases feitas (1964); Dicionários de citações brasileiras (1971); Dicionário brasileiro de provérbios, locuções e ditos curiosos (1974); Como você se chama? (1974).

OBRAS ORGANIZADAS: De Machado de Assis, Contos e crônicas (1958); Contos esparsos; Contos esquecidos; Contos recolhidos; Contos avulsos; Contos sem data; Crônicas de Lélio; Diálogos e reflexões de um relojoeiro, todas editadas em 1966, pela Civilização Brasileira. De Artur Azevedo, Histórias brejeiras, contos escolhidos (1962). De Olavo Bilac, Sanatorium. Organizou ainda a Antologia do humorismo e sátira, de Gregório de Matos a nossos dias (1957); O conto do Rio de Janeiro (1959); O diabo existe?, as melhores histórias diabólicas de todos os tempos (1974).