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Pereira da Silva (João
Manuel P. da S.), político, romancista, historiador, crítico literário,
biógrafo, poeta e tradutor, nasceu em Iguaçu, RJ, em 20 de agosto de 1817, e
faleceu em Paris, França, em 14 de junho de 1989. É o fundador da Cadeira n.
34, que tem como patrono Sousa Caldas.
Era filho do
negociante português Miguel Joaquim Pereira da Silva e de Joaquina Rosa de
Jesus. Em 1834 foi estudar Direito em Paris, formando-se em 1838. Lá participou
das atividades do grupo Niterói, escrevendo para o segundo número um artigo
importante, o primeiro em que um brasileiro expunha certas diretrizes da
crítica romântica. De volta à pátria, foi advogado e político. Pelo Partido
Conservador elegeu-se deputado provincial, depois geral, quase sem interrupção,
de 1840 a 1888, quando entrou para o Senado. Era titular do Conselho do
Império.
Trabalhador
ativíssimo, deixou obra abundante em vários gêneros. Estreou como ficcionista,
em 1838, com o romance Uma paixão de artista, ao qual se seguiram as novela históricas O aniversário de D. Miguel em 1828, em
1839, e Jerônimo Corte Real, em 1840. Em história e crítica literária publicou
notadamente os dois volumes do Parnaso brasileiro, o primeiro em 1843 e o
segundo em 1848, boa antologia com um longo ensaio sobre a nossa literatura; e
ainda o Plutarco brasileiro e Varões ilustres do Brasil
durante os tempos coloniais, ambos também em dois volumes. Quase todas as
biografias são de intelectuais, retomando em grande parte, sem contribuição
pessoal a mais, o trabalho de biógrafos como Januário da Cunha Barbosa, Varnhagen e outros. Como historiador, a sua obra principal
é a História da fundação do Império do Brasil, em 7 volumes, publicados entre
1864 e 1868, seguida do Segundo período do Reinado de D. Pedro I no Brasil, em
1871, e da História do Brasil de 1831 a 1840, em 1879.
Muitas
restrições têm sido feitas quanto à produção biográfica e histórica de Pereira
da Silva, e não foi sem a sua proverbial maldade que o terceiro Martim
Francisco declarou que a ninguém era lícito assegurar que desconhecia a
história do Brasil, sem ter lido os livros do velho conselheiro.
Essa irônica
asserção não invalida a obra que realizou o infatigável polígrafo,
testemunha de tantos dos acontecimentos que relata, é certo, mais confiado na
sua memória do que na pesquisa de documentos.
Pereira da
Silva, um dos fundadores da Academia, quando contava já oitenta anos, foi um
acadêmico que ficou sem elogio nesse ilustre cenáculo. Tendo falecido dois anos
após a fundação, foi sucedido pelo Barão do Rio Branco, que tomou posse por
meio de carta, deixando por isso de estudar a figura e a obra de seu
antecessor. Os sucessores do Barão não estavam obrigados a esse estudo, e assim
permaneceu sem exame profundo tudo quanto fez aquele acadêmico, polígrafo e historiador com muitos volumes publicados.
Além dos já
citados, vários outros livros escreveu e ainda pouco
antes de falecer, em Paris, aos 81 anos, havia publicado Memórias do meu tempo.
Muitos outros trabalhos deixou, quase todos esparsos,
o que mostra a sua produtividade.
Obras: Uma
paixão de artista, romance (1838); O aniversário de D. Manuel em 1828, novela
histórica (1839); Religião, amor e pátria, romance (1839); Jerônimo Corte-Real,
crônica (1840); Aspásia, romance (s.d.); Parnazo
brasileiro, antologia, 2 vols. (1843-48); Plutarco brasileiro, biografias, 2
vols. (1847); Varões ilustres do Brasil durante os tempos coloniais, biografias
(1858); Obras literárias e políticas, antologia, 2 vols. (1862); História da
fundação do Império, 7 vols. (1864-68); Segundo período do Reinado de D. Pedro
I no Brasil (1871); História do Brasil de 1831 a 1840 (1879); Nacionalidade da
língua e literatura de Portugal e do Brasil (1884); Felinto
Elísio e sua época (1891); Memórias do meu tempo
(1897).
Em Antologia
Nacional, de Fausto Barreto e Carlos de Laet –
Livraria Francisco Alves 8ª Edição, 1918.
João
Manuel Pereira da Silva (Iguaçu,
Estado do Rio de Janeiro, 1818-1897) foi, incontestavelmente, um homem de
trabalho e mérito cujos escritos históricos, objeto, aliás, de várias contestações
razoáveis, não devem ser postos de parte pelos estudiosos das coisas pátrias.
Abrangem
esses livros todo o período que vai de 1808, com a chegada da dinastia real de
Bragança a terras do Brasil, até 1840, com a proclamação da maioridade do Imperador
Pedro II, e são: a História da Fundação do Império Brasileiro, que há duas edições,
sendo a 2ª de 1877; o Segundo Período do Reinado
de D. Pedro I no Brasil; e a História
do Brasil durante a Menoridade de D. Pedro II, isto é, de 1831 a 1840, da
qual também se fizeram duas edições.
Pereira
da Silva, freqüentemente se enganava em nomes e datas; mas a apreciação moral
dos fatos tinha sisudo critério, nem falece às suas narrativas, em mais de uma
página, viva e comunicativa sensibilidade.
Além
dessa obra capital existem mais, do laborioso autor: Curso de História dos Diferentes Estados da América; Varões Ilustres do Brasil ou Plutarco Brasileiro; cinco volumes sob o
título – Na História e na Legenda; Felinto e sua Época, estudo crítico e literário; Littérature Portugaise; Nacionalidade, Língua e Literatura de
Portugal e do Brasil; Memórias do
Segundo Reinado; e, no domínio da ficção, mais do que da história, as crônicas
de Jerônimo Corte Real, Manuel de Morais,
D. João de Noronha, e o romance Aspásia.
Militando
na política, Pereira da Silva chegou a ter assento no Senado do Império, onde o veio encontrar a República.