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Sérgio Corrêa da Costa (S. C. Affonso da C.), advogado, diplomata e historiador, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 19 de fevereiro de 1919. Eleito em 25 de agosto de 1983 para a Cadeira n. 7, na sucessão de Dinah Silveira de Queiroz, foi recebido em 14 de junho de 1984, pelo acadêmico Afrânio Coutinho.

É filho de Israel Affonso da Costa e Lavínia Corrêa da Costa. Fez os estudos primários e secundários na cidade natal, bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, em 1943, fez pós-graduação em História, Economia e Geografia Econômica na Universidade da Califórnia, em 1950, e curso na Escola Superior de Guerra, em 1951.

Ingressou na carreira diplomática em 1939, chegando a ministro de Primeira Classe em 18 de dezembro de 1962. Serviu em diversos países: cônsul adjunto, depois segundo secretário em Buenos Aires (1944-46); segundo secretário em Washington (1946-48); cônsul em Los Angeles (1948-50); conselheiro de missão junto à ONU, em Nova York (1953); ministro-conselheiro em Roma (1959-62); encarregado de negócios em Roma (1960); embaixador em Ottawa (1962-66); embaixador em Londres (1968-74); representante permanente junto às Nações Unidas, em Nova York (1975-83); embaixador em Washington (1983-86). Foi delegado ao Conselho Interamericano Econômico e Social (1946-48); relator da Comissão de Organização do Conselho da União Panamericana (1947); membro da Comissão da Interamericana para a Solução Pacífica de Conflitos e Mediador Singular na questão entre Cuba e a República Dominicana (1948); chefe da Divisão de Assuntos Internacionais, Escola Superior de Guerra (1952); chefe de gabinete da presidência do BNDE (1953); auxiliar do chefe do Departamento Econômico e Consular (1952); chefe do Serviço Econômico da América (1958); chefe do Serviço Brasileiro de Seleção de Emigrantes na Europa, Roma (1959-61); representante permanente do Brasil na FAO, Roma (1961); secretário-geral-adjunto para Organismos Internacionais (1966); secretário-geral do Itamaraty (1967-68); ministro de Estado, interino, das Relações Exteriores (1967 e 1968). Participou de importantes comissões, conferências e missões internacionais, tendo sido delegado brasileiro às sessões da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, de 1963 a 1982. Depois de aposentado, fixou residência em Paris.

A situação de secretário no serviço diplomático facilitou-lhe o estudo direto, nos arquivos do Itamaraty, dos documentos que servem de base para a sua obra de historiador, fiel à verdade histórica e voltado para os momentos de crise, em que o Brasil, dirigido por duas grandes figuras, D. Pedro I e Floriano Peixoto, consolidou a sua autonomia e afirmou a sua identidade nacional.

Em As quatro coroas de D. Pedro I (1941), escrito aos 20 anos, destinado a figurar entre as contribuições brasileiras ao terceiro centenário da restauração da independência portuguesa em 1940, documenta a trajetória do monarca e do homem marcado pelo signo da dualidade. A terceira edição, de 1995, apresenta o texto original intacto, com exceção do capítulo "Rapto de D. Pedro tentado pelos argentinos", que foi reescrito e acrescido de documentação inédita.

Em A diplomacia do Marechal - Intervenção estrangeira na Revolta da Armada (1945), Sérgio Corrêa da Costa recompõe objetivamente o conturbado quadro em que atuou Floriano Peixoto, durante a sangrenta crise de transição da Monarquia para a República. Euclides da Cunha comparara Floriano a uma esfinge, cujo enigma seria talvez indecifrável pelos historiadores. Nessa obra, que une a seriedade do historiador ao estilo vivo do cronista, Sérgio Corrêa da Costa enfrentou o desafio de decifrar a figura histórica do Marechal de Ferro, em contraste com Saldanha da Gama. A segunda edição, de 1979, foi acrescida de uma "Visão de conjunto" e de uma Quarta Parte, com sete capítulos, sob o título "O quadro brasileiro visto do Exterior", com um extenso prefácio de Francisco de Assis Barbosa.

Obras: As quatro coroas de D. Pedro I, história (1941, 1943, 1969, 1972 e 1996, com ilustrações); Pedro I e Metternich - Traços de uma guerra diplomática, história diplomática (1942); A diplomacia brasileira na Questão de Letícia, história diplomática (1942); A diplomacia do marechal - Intervenção estrangeira na Revolta da Armada, história (1945 e 1979, ampliada); Every Inch a King - A Biography of Dom Pedro I, First Emperor of Brazil, biografia (1950, 1953, 1964, 1972); Artigos, discurso e palestras (Washington, setembro 1983-86). Publicou também documentos e pareceres do Conselho do Estado e do Consultor do Ministério dos Negócios Estrangeiros - 1842-1889 - e pareceres dos consultores jurídicos do MRE - Índice sistemático e remissivo - 1889-1941.