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Sergio Paulo Rouanet, diplomata, cientista político e ensaísta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 23 de fevereiro de 1934. Eleito em 23 de abril de 1992 para a Cadeira n. 13, foi recebido em 11 de setembro de 1992, pelo acadêmico Antonio Houaiss.

Graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1955. Nesse ano fez o curso de preparação à carreira diplomática no Instituto Rio Branco, do Itamarati. Morou nos Estados Unidos de 1960 a 1964, onde fez cursos de pós-graduação em Economia, na Universidade George Washington, em Ciências Políticas, na Georgetown University, ambas em Washington, e em Filosofia, na New York School for Social Research, em Nova York. Doutorou-se em Ciência Política, pela Universidade de São Paulo, em 1980.

Tendo ingressado na carreira diplomática em 1957 como Terceiro Secretário, recebeu todas as promoções, por merecimento, e chegou a Ministro de 1a Classe em 16 de dezembro de 1984. Os principais cargos que exerceu no Ministério das Relações Exteriores foram os de assistente do Secretário Geral das Relações Exteriores (1957-58); assistente do Chefe da Divisão de Produtos de Base (1966-67); chefe da Divisão de Política Comercial (1974-76); chefe do Departamento da Ásia e Oceania (1983-86). Ocupou postos permanentes no Exterior em Washington (1959-62); Nova York (1962-65); Genebra (1967-68 e 1973); Zurique (1976-82); embaixador do Brasil na Dinamarca (1987-91); cônsul-geral em Berlim (1993-96). É, atualmente, embaixador do Brasil em Praga. Foi secretário de Cultura da Presidência da República (1991-92) no governo de Fernando Collor.

Criou, em Berlim, o Instituto Cultural Brasileiro, inaugurado em setembro de 1995, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso visitou a Alemanha. O Icbra destina-se a divulgar a cultura brasileira na Alemanha, através de exposições sobre escritores e artistas brasileiros, e a levar exposições de museus alemães, para o Brasil.

Estreou no jornalismo cultural aos 20 anos, na época em que Reinaldo Jardim inventou o Suplemento Literário. Escrevia um artigo semanal para a coluna Eles pensaram por nós, título que ele considerava detestável, por ser incorreto politicamente. Seus artigos eram sobre Kierkegaard e outros filósofos que na época apaixonavam a juventude de Ipanema. Desde então construiu uma obra na qual tem explorado suas preocupações com a sobrevivência e transformação dos valores do Iluminismo em nossa época. A circunstância de viver fora do Brasil, em virtude da carreira diplomática, possibilitou a Sergio Paulo Rouanet a atualização permanente dos seus estudos e a interpretação e divulgação de suas idéias, em livros de ensaios, em artigos para a imprensa e proferindo conferências. Em 1995, participou do seminário "A crise da razão", realizado no auditório da Academia Brasileira de Letras, quando proferiu a conferência "A deusa razão", em que condenou tanto a divinização da razão como o irracionalismo, e propôs como alternativa aos dois extremos a idéia de "razão dialógica": "A razão dialógica não vê a História, por exemplo, como um processo externo ao homem, uma instância suprema, nem também como a razão divina secularizada, da forma que pensavam Hegel e Marx. A História é o processo de descobrimento da verdade, mas não é a própria verdade."

A partir de novembro de 1996, Sergio Paulo Rouanet passou a colunista do caderno Idéias do Jornal do Brasil, substituindo o professor Alfredo Bosi e compartilhando uma coluna com os ensaístas Luiz Costa Lima, Silviano Santiago e Flora Süssekind.

Obras (ensaios): O homem é o discurso Arqueologia de Michel Foucault, com José Guilherme Merquior (1971); Imaginário e dominação (1978); Habermas, com Bárbara Freitag (1980); Édipo e o anjo. Itinerários freudianos em Walter Benjamin (1981); Teoria crítica e psicanálise (1983); A razão cativa. As ilusões da consciência: de Platão a Freud (1985); As razões do Iluminismo (1987); O espectador noturno. A Revolução Francesa através de Rétif de la Bretonne (1988); A coruja e o sambódromo (1988); A razão nômade: Walter Benjamin e outros viajantes (1994). Artigos de Sergio Paulo Rouanet encontram-se publicados em vários números da revista Tempo Brasileiro; na Revista do Brasil (ano 2, n. 5, 1986); na Revista da USP (1991 e 1992); e em revistas internacionais.